
Mais do que um barulho incômodo, o ronco alto pode indicar um grave distúrbio de sono, como Ê o caso da apneia, situação em que pessoa para de respirar por alguns segundos, diversas vezes, durante a noite. A condição atinge 30% da população adulta brasileira, segundo dados do MinistÊrio da Saúde.
Muito alĂŠm de um problema puramente de sono, hoje, sabe-se que a doença leva a maior mortalidade por doença cardiovascular (hipertensĂŁo, arritmias, infarto e derrame), acidentes de trânsito por sonolĂŞncia excessiva diurna, redução de produtividade no trabalho (tanto fĂsica como mental), disfunção sexual e dĂŠficit de aprendizagem se iniciada na infância.
O professor do curso de Medicina da Faculdade PitĂĄgoras, mĂŠdico neurologista Frederico Lacerda, explica que muitas pessoas tĂŞm apneia do sono sem conhecimento do problema e nĂŁo fazem tratamento para aliviĂĄ-la. “AlĂŠm da sensação de cansaço por conta da noite mal dormida, outros problemas como dĂŠficit de atenção, interrupção do sono com vontade de urinar, sonolĂŞncia excessiva durante o dia e agravamento do estresse/distĂşrbios de humor podem ser gerados”, destaca.
A condição se divide em dois tipos: a apneia obstrutiva do sono e apneia do central do sono. A primeira ĂŠ a forma mais comum e se caracteriza pelo relaxamento dos mĂşsculos da garganta e lĂngua associado ao deposito de tecido gorduroso e flacidez de partes moles. O especialista menciona que esse quadro leva Ă obstrução respiratĂłria. “HĂĄ uma redução da concentração de oxigĂŞnio no sangue, o que emite um sinal de alerta ao cĂŠrebro dizendo que algo estĂĄ errado”, explica. Ao sentir dificuldades de respirar, a pessoa desperta do sono e isso acontece vĂĄrias vezes durante a noite. Nesses episĂłdios, hĂĄ produção do ronco , muitas vezes com sensação de sufocamento.
JĂĄ a apneia do sono central estĂĄ associada Ă perda do funcionamento dos centros de controle respiratĂłrio (frequentemente associado Ă doenças cardĂacas ou cerebrais) levando Ă falha do comando para a contratação muscular que desencadeia a respiração. Felizmente essa forma ĂŠ bem mais rara que a primeira. “A apneia acomete principalmente homens, em geral, com mais de 50 anos de idade e mulheres com excesso de peso e na menopausa. No entanto, vale lembrar que atĂŠ mesmo crianças podem ter essas condiçþes de saĂşde”, esclarece o mĂŠdico.
Causas e tratamento
Na apneia obstrutiva do sono a causa principal ĂŠ a obstrução do canal respiratĂłrio, que pode resultar de condiçþes como obesidade, aumento das amĂgdalas, circunferĂŞncia do pescoço e alteraçþes craniofaciais. JĂĄ no outro tipo da patologia, a causa mais comum ĂŠ a insuficiĂŞncia cardĂaca e, em menor ocorrĂŞncia, o acidente vascular cerebral e uso de medicamentos para dor (opioides).
AlÊm do ronco alto e sonolência excessiva, os sintomas incluem ainda falta de ar, despertar com a boca aberta, dor de cabeça matinal, insônia, dÊficit de atenção, falta de memória e episódios de irritabilidade e impaciência. No diagnóstico, o mÊdico pode solicitar um exame de polissonografia, que consiste na avaliação noturna do sono, para monitorar a respiração e outras funçþes do corpo.
O tratamento vai ser prescrito pelo mÊdico envolve diversas abordagens: mudança de håbitos de vida com ênfase na perda de peso; uso de aparelho de pressão positiva (CPAP) associado à mascaras nasais auxiliando no fluxo de ar aos pulmþes (forma mais comumente usada e com melhores resultados); e cirurgia em regiþes da boca e garganta, sobretudo em casos com impossibilidade de uso de CPAP e em crianças com anomalias faciais.
Confira as dicas do mĂŠdico para aliviar os sintomas:
- Evite a ingesta de bebidas alcoĂłlicas;
- Evite dormir de barriga para cima;
- Adote um estilo de vida saudĂĄvel, com prĂĄtica de atividade fĂsica e alimentação equilibrada, afastando o excesso de peso e obesidade;
- NĂŁo fume;
- Pessoas com rinite alÊrgica devem fazer tratamento para evitar obstrução nasal.
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