
Com Moro de carona, Bolsonaro vai a churrasco com Maia, Davi e Toffoli
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Por: Marcelo Camargo/AgĂŞncia Brasil |
Originalmente anunciado como um evento restrito entre os presidentes dos TrĂŞs Poderes, o almoço deste sĂĄbado (16) na residĂŞncia de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, transformou-se em uma confraternização informal entre boa parte da cĂşpula polĂtica de BrasĂlia.
Um dia antes de embarcar para Washington, nos EUA, o presidente Jair Bolsonaro chegou ao churrasco de camisa de manga curta azul clara e levou de carona o ministro Sergio Moro (Justiça), que não estava na lista inicialmente. Eles foram recebidos por um Maia sorridente, de camisa polo preta.
TambÊm apareceu sem estar na lista original de convidados o senador Flåvio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente e protagonista de um escândalo de suspeita de corrupção envolvendo integrantes de seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), cuja residĂŞncia oficial ĂŠ vizinha Ă de Maia, foi um dos primeiros a chegar, mas saiu pouco depois. Ele retornou apĂłs alguns minutos com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, no carro oficial do Senado.
Dos 22 ministros, compareceram 15, entre eles Ricardo VĂŠlez (Educação). NĂŁo apareceram Paulo Guedes (Economia), comandante da reforma da PrevidĂŞncia, e Marcelo Ălvaro AntĂ´nio (Turismo), cujo cargo estĂĄ sob risco por causa do escândalo dos laranjas do PSL, revelado pela Folha de S.Paulo.
O general Santos Cruz (Secretaria de Governo) chegou caminhando, de camisa polo vinho e óculos escuros. "Me mandaram no meu zap aqui que era para almoçar. Não tenho ideia de agenda", disse na entrada.
Ministro do ex-presidente Michel Temer (MDB), hoje secretĂĄrio do governo JoĂŁo Doria (PSDB), Alexandre Baldy (PP) chegou dirigindo e foi embora pouco depois. Abriu a janela e explicou. Esteve lĂĄ para levar a filha, amiga dos filhos de Rodrigo Maia. E se despediu com o slogan do novo chefe: "Acelera", acompanhado do gesto com a mĂŁo.
O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), curtiu o sĂĄbado ensolarado no cerrado de camiseta azul, depois de dias na AntĂĄrtida. Saiu de -45ÂşC para 28ÂşC, segundo o The Weather Channel. Poucos congressistas apareceram. Um deles foi o senador Marcos do Val (PPS-ES), relator do decreto legislativo apresentado pelo PT no Senado para anular a medida de Bolsonaro que flexibiliza a posse de armas para civis.
Os outros dois foram os deputados Fernando Coelho Filho (DEM-PE) e Arthur Lira (AL), lĂder do PP na Câmara, um dos crĂticos mais contundentes da falta de articulação polĂtica do governo Bolsonaro. A cĂşpula do PSL no Congresso nĂŁo estava presente. Os lĂderes do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), e no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), e o lĂder do partido, deputado Delegado Waldir (GO), nĂŁo foram.
A reuniĂŁo acontece em um momento de arestas a serem aparadas entre os trĂŞs Poderes. Sem base aliada formada, o governo Bolsonaro ĂŠ criticado no Congresso pela articulação polĂtica considerada falha. Para darem inĂcio Ă tramitação da reforma do regime geral da PrevidĂŞncia, deputados e senadores exigem cargos, repasses de verbas e o envio do projeto que alterarĂĄ o sistema de aposentadoria dos militares.
Anfitrião do almoço, Maia assumiu a função de costurar uma base aliada para Bolsonaro na intenção de garantir a aprovação da reforma. O Senado, que não pretende ficar sem protagonismo, elevou a temperatura na relação com o Supremo.
Alguns senadores reclamam do que chamam "ativismo judicial" e têm nas mãos pedidos de impeachment contra diferentes magistrados, um requerimento de criação de CPI para investigar integrantes das cortes superiores e projetos que revertem decisþes do tribunal e estabelecem mandato de oito anos para seus ministros.
O Supremo, por sua vez, irritou congressistas na última semana ao decidir que crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, quando investigados junto com caixa dois, devem ser processados na Justiça Eleitoral, e não na Federal. Mas o que mais incomodou foi o inquÊrito anunciado por Toffoli para apurar a existência de fake news, ameaças e denunciaçþes caluniosas, difamantes e injuriantes que atingem a honra e a segurança dos membros da Corte e de seus familiares.
Por: Folhapress
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