Em um estudo publicado na Ăşltima quarta-feira (22) na revista especializada The New England Journal of Medicine, um grupo de cientistas brasileiros da Universidade de SĂŁo Paulo (USP) detectaram, pela primeira vez, problemas oculares causados pelo vĂrus da zika em adultos. Os pesquisadores descreveram o caso de um homem de cerca de 40 anos que teve sintomas de zika associados a uma inflamação no interior dos olhos, conhecida como uveĂte. O novo estudo, liderado por JoĂŁo Marcello Furtado, da Faculdade de Medicina de RibeirĂŁo Preto (FMRP) da USP, mostra pela primeira vez a zika adquirida causando doenças mais severas do que apenas conjuntivite. Em estudo anterior, cientistas brasileiros jĂĄ haviam mostrado que um terço dos bebĂŞs com microcefalia causada por zika tem problemas oculares. O mesmo grupo, liderado por Rubens Belfort JĂşnior, da Universidade Federal de SĂŁo Paulo (Unifesp), publicou, no fim de maio, estudo que comprovou definitivamente a relação entre a infecção pelo vĂrus e uma sĂŠrie de distĂşrbios graves nos olhos dos bebĂŞs. “Essa ĂŠ uma manifestação nova e potencialmente mais grave do quadro ocular. Pela primeira vez na literatura cientĂfica, estĂĄ descrita a zika adquirida em associação com inflamação dentro do olho. Eram conhecidas somente as alteraçþes oculares causadas pela zika congĂŞnita, aquela em que os bebĂŞs podem desenvolver lesĂľes graves e permanentes”, disse Furtado. De acordo com o pesquisador, o estudo marca a primeira vez que o material genĂŠtico do vĂrus foi isolado a partir de amostras de lĂquido do interior do olho. “Essa ĂŠ uma demonstração de que o vĂrus pode ultrapassar as barreiras que protegem o olho contra infecçþes”, afirmou o cientista. Furtado chamou atenção que, caso essas complicaçþes ocorram de maneira prolongada, podem levar ao desenvolvimento de glaucoma, por isso a necessidade de tratamento imediato e adequado.
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