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Idosa de 120 anos tem aposentadoria cortada por 'ser velha demais'

É rodeada de amigos e familiares que vive, no Norte do ParanĂĄ, a idosa que quer provar que ĂŠ a de mulher mais velha do mundo. Aos 120 anos, dona JesuĂ­na dos Santos Cardoso mora no distrito de Porto UniĂŁo, no municĂ­pio de Rio Branco do IvaĂ­, a 300 quilĂ´metros de Curitiba. O impulso para entrar no livro dos recordes veio de um dissabor enfrentado pela dona JesuĂ­na: ela teve a aposentadoria cancelada porque o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) achou que era impossĂ­vel uma pessoa estar viva com aquela idade. Ela precisou viajar centenas de quilĂ´metros para provar que estava viva e continuar recebendo o benefĂ­cio.
A neta DalĂ­ria Amaral de Siqueira Franco, 53, relata que a famĂ­lia desconfiava, mas imaginava ser difĂ­cil comprovar que dona JesuĂ­na ĂŠ a mais idosa do mundo. Isso sĂł foi mudar por causa da aposentadoria cancelada. “Pediram para comprovar que ela estava viva, que nĂŁo era fraude. O posto do INSS mais prĂłximo ĂŠ em Apucarana, a quase 200 quilĂ´metros daqui. Tivemos que viajar com ela atĂŠ lĂĄ”, diz.
Depois que os funcionårios do INSS viram dona Jesuína no carro, não só reativaram seu benefício, como incentivaram Dalíria a ir em busca do título para a idosa. Um vereador, amigo da família, Ê quem estå lidando com a documentação da moradora junto ao Guinness Book, o livro dos recordes. A data de nascimento trazida no registro da idosa Ê 30 de janeiro de 1896.
“É um orgulho para nĂłs termos ela viva. É nosso exemplo de vida, uma guerreira. Viu os filhos morrerem e estĂĄ sempre firme”, comenta a bisneta Elizabete Franco Viana Dias, 19, que acredita que a bisavĂł, na verdade, pode ter mais de 120 anos. 
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Estrela na cidade
No povoado de pouco mais de 200 habitantes onde vive, pelo menos 50 sĂŁo familiares de dona JesuĂ­na. Natural de Reserva, no , JesuĂ­na tem hoje 36 netos, 63 bisnetos e 44 tataranetos. Dos 15 filhos que deu Ă  luz, todos em casa, trĂŞs ainda sĂŁo vivos.
Mesmo quem nĂŁo ĂŠ da famĂ­lia diz que se sente um pouco filho da centenĂĄria. “Quando eu era criança, ela posava na nossa casa quando minha mĂŁe precisava sair. Me criei com ela por perto”, conta a vizinha Ilza Aparecida do Amaral, de 33 anos. Hoje, ela ĂŠ uma das moradoras que assistem a uma sĂŠrie de carros de reportagem levantando poeira na estrada Ă  procura da pensionista. “Sempre que eu via na televisĂŁo falando de pessoas que poderiam ser as mais velhas do mundo, eu pensava que a idade falada era pouco. JĂĄ sabĂ­amos que ela [JesuĂ­na] ĂŠ a mais velha”, emenda outra vizinha, Maria Martins Pereira, 42 anos.
Vida saudĂĄvel
LĂşcida ainda, a centenĂĄria JesuĂ­na sĂł foi conhecer um mĂŠdico quando completou 100 anos. Desde entĂŁo, passou a tomar remĂŠdio para o coração e a pressĂŁo. Apesar de nĂŁo caminhar nem escutar e enxergar mais como antigamente, ela estĂĄ sempre querendo saber como vai a famĂ­lia e as coisas. “AtĂŠ 110 anos, ela ainda pegava lenha para acender o fogĂŁo a lenha”, observa DalĂ­ria.
O gosto pelo natural, acrescenta a neta, marcou a vida de JesuĂ­na. Agricultora, ela ensinou os filhos a lidarem com a terra. Plantou de tudo em Porto Espanhol e fez desta atividade a receita para a longevidade. “NĂŁo era de comprar bobagem no mercado. O milho, feijĂŁo, legumes, verduras e frutas, ela e o marido plantavam. TambĂŠm criavam galinha e o porquinho que comiam. Era tudo sem conservante, sem veneno”, explica.
A calmaria da zona rural tambĂŠm estĂĄ entre as preferĂŞncias da idosa. Depois de tantos anos, ela acorda por volta das 10h, toma cafĂŠ da manhĂŁ, pede chimarrĂŁo e come bolachinhas de ĂĄgua e sal ou amido de milho. Gosta do almoço perto das 13h. À tarde, toma uma vitamina. JĂĄ no jantar, faz questĂŁo de comer mingau de alho e, Ă s vezes, uma fruta. “Quando ela quer que coloque ovo no mingau, pede. Ela escolhe o que quer comer”, brinca a neta.
A famĂ­lia agora estĂĄ em busca da doação de um colchĂŁo d’ĂĄgua, anti-escaras, para dona JesuĂ­na.

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