No Dia Internacional Contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia, o cenário para quem luta diariamente contra o preconceito não é dos mais positivos: a homolebotransfobia tem crescido no Brasil. A avaliação é de Vida Bruno, coordenador do Centro de Referência LGBT de Salvador, mantido pelo município. Localizada no Rio Vermelho, a unidade, inaugurada há quase dois meses, oferece atendimento jurídico, psicológico e social para o público LGBT. Em abril, segundo a instituição, 390 pessoas vítimas de violência de gênero e homofobia receberam assistência no local. Apesar da iniciativa inovadora, a equipe do centro ainda precisa lidar com situações que mostram que a luta contra o preconceito ainda está longe de acabar. Vida Bruno conta que a página da prefeitura de Salvador no Facebook foi alvo de comentários pejorativos por colocar como foto de capa uma imagem em homenagem à data comemorada nesta terça-feira (17). São fatos como este que o trabalho desenvolvido na unidade busca combater. “Estamos aqui para poder conversar com as pessoas. O nível de intolerância e de falta de esclarecimento é muito grande. O pensamento que vigora ainda é o pensamento do colonizador, Se você não consegue descolonizar esse pensamento, você não consegue fazer o processo de transmutação. O objetivo do centro não é acolher apenas a população LGBT, mas educar a população em geral. Se você não fizer esse processo, não consegue fazer essa transição”, conta em entrevista ao Bahia Notícias. O coordenador explica como atendimento funciona. “O Centro de Referência é um espaço de acolhimento e atendimento psicológico. Quando a pessoa chega aqui, ela passa por assistente social. Em um bate-papo, avalia-se que procedimento deve ser adotado. A partir da triagem, temos a noção de qual tipo de demanda está sendo gerada”, conta. O centro também possui canais nos quais casos de violência podem ser denunciados: (71) 3202-2750/2758 e o (71) 98622-5494, através do WhatsApp. Com esta assistência, os profissionais buscam “empoderar” as pessoas que sofrem preconceito por causa da orientação sexual e da identidade de gênero. “Quando você se propõe a empoderá-las, você abre um leque de oportunidades para aquelas pessoas que não conseguiam enxergar os direitos que já lhe eram oferecidos só por serem cidadãos. Essa população não é invisível”, afirma. Apesar das dificuldades, Vida se anima com o apoio que recebe de parte da população. Para ela, o centro é uma política pública que veio “para ficar”. “O objetivo é mostrar que não existe nenhum tipo de desvio comportamental, nem alteração psicológica, é tudo natural. A gente só precisa exercitar o amor. Só através do amor, teremos uma sociedade uníssona”, diz.
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