Um julgamento por falência fraudulenta, ocorrido ontem em Milão (Itália), acabou de forma trágica. Identificado como Claudio Giardiello, o reú abriu fogo dentro do tribunal, matando seu advogado, outro réu e um juiz, além de deixar duas pessoas feridas.
O empreendedor se escondeu por uma hora e meia dentro do prédio, fugiu com uma moto e foi preso no município de Vimercate, próximo a Milão.
O tumulto começou quando, durante a audiência, seu advogado, Lorenzo Alberto Claris Appiani, disse que estava deixando a defesa. Nesse momento, o réu pegou uma arma e disparou 13 vezes. Segundo o promotor Edmondo Bruti Liberati, o homem atirou primeiro no advogado e no outro acusado.
Testemunhas contaram que ele apontou para duas pessoas que estavam nos assentos reservados ao público. Por fim, ele “andou pelo prédio até o andar de baixo e matou o juiz”, contou Liberati. O promotor não soube dizer se havia relação entre o réu e o juiz Fernando Ciampi, que atuava na seção de fraudes e falências.
Funcionários da corte se fecharam em seus escritórios e se esconderam embaixo das mesas, enquanto policiais caçavam o homem armado.
Insegurança
O crime gerou uma série de dúvidas sobre a segurança na cidade, que em menos de um mês sediará a Milan Expo, grande feira de comércio internacional. O promotor explicou que, aparentemente, Giardiello conseguiu entrar no tribunal armado e com identidade falsa usando uma área reservada para advogados, cujo acesso não é controlado por detector de metais.
Liberati disse que uma quarta vítima está em tratamento, em estado grave. A quinta pessoa atingida, que se identificou como advogado, levou um tiro na perna e passa bem. Ele não citou o quarto corpo, que, de acordo com a imprensa local, teria sido encontrado sem ferimentos, tendo morte atribuída a parada cardíaca.
O premier do país, Matteo Renzi, pediu que priorizem a prevenção de novos episódios do tipo. “Não é a primeira vez que acontece, mas obviamente tem que ser a última. O governo deu carta branca para expor as falhas sistêmicas que aconteceram”.
‘Eu queria me vingar dos que me arruinaram’, disse o acusado
“Eu queria me vingar daqueles que me arruinaram”, foi o que Claudio Giardiello disse à polícia, de acordo com o site Il Fatto Quotidiano. Acusado de matar três pessoas no tribunal de Milão, o empresário tem 57 anos e um longo histórico de problemas financeiros, acumulando hipotecas, dívidas e ações judiciais.
Natural de Benevento, ele é proprietário de uma agência imobiliária em Corso Magenta, e em 20 anos enfrentou a liquidação ou falência de seis empresas.
Para seu ex-advogado Valerio Maraniello, ele era um cliente incontrolável, pois nunca ouviu nenhum conselho. “Ele pensava que todos sempre queriam enganá-lo, era paranoico”, declarou o advogado, de acordo com o site italiano.
As dificuldades do acusado com advogados também estavam evidentes na relação com Lorenzo Alberto Claris Appiani, assassinado no episódio de ontem no tribunal. Embora tenha sido defensor de Claudio Giardiello em outro processo de falência, ontem ele iria depor como testemunha, convocado pela acusação.
Nascido em Milão, Lorenzo Appiani, integrava uma família de advogados. Conforme o site, Alessandro Brambilla Pisoni, tio da vítima e também advogado, teria dito que Appiani preferiu deixar de trabalhar com o acusado, por conta do seu temperamento.
O juiz Fernando Ciampi também seria ouvido como testemunha na audiência encerrada com os assassinatos. Aos 72 anos, ele atuava na divisão Civil desde 2009, sendo conhecido pela dureza nos julgamentos. Ele foi convocado por ter julgado um outro caso de falência de empresa com Giardiello como sócio majoritário.
Ele era conhecido no país pela condenação do ex-presidente da ENI, Pio Pigorini, a pagar 6 milhões de euros sob a forma de danos patrimoniais e de imagem da empresa, devido a verificação de contratos ilícitos com o banqueiro Pierfrancesco Pacini Battaglia.
*Correio
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