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Depois de deixar vida de travesti, coiteense busca casamento com mulher e deseja ter dois filhos

O tema que o Calila Noticias vai abordar Ê bastante polêmico, não pela opção sexual de uma pessoa que desde os 12 anos de idade, filho de pequeno agricultor rural, que optou por viver a vida homossexual, mas pela decisão de depois de quase trinta anos dedicado aos programas, baladas, farras, drogas, fama, viagens internacionais, aventuras amorosas, silicone, plåstica, ostentação, convivência com pessoa do mesmo sexo e etc, de jogar tudo para o alto e buscar nova vida.
No sĂĄbado de Aleluia completou 1 ano que ele retornou para CoitĂŠ e o passado nĂŁo lhe interessa.
No sĂĄbado de Aleluia completou 1 ano que ele retornou para CoitĂŠ e o passado nĂŁo lhe interessa.
Vamos falar de ClÊcio Gomes de Araújo, 39 anos, natural de Conceição do CoitÊ, precisamente da Fazenda Quixabeira, na região distrito de Salgadålia. Ele aceitou a proposta para uma entrevista ao Calila Noticias para explicar tudo sobre essa decisão tomada, jå que seus conterrâneos o conheceram ainda muito jovem com a postura homossexual, que com o passar do tempo ganhou corpo com características femininas, mas que de um ano para cå Ê visto nas ruas da cidade e na igreja que frequenta usando sapato e roupa social, sem os longos cabelos loiros e principalmente os seios que carregava a base de prótese.
Hoje ĂŠ membro da Igreja EvangĂŠlica TabernĂĄculo de Deus, em Conceição do CoitĂŠ, onde garante ter encontrado muito apoio da pastora e dos “irmĂŁos”.
Acompanhe a seguir a entrevista que ClĂŠcio Gomes, antes conhecido por “Paulinha” concedeu com exclusividade ao CN.
CN – ClĂŠcio, inicialmente vamos falar do inĂ­cio de tudo. Como e quando vocĂŞ descobriu que tinha tendĂŞncia para o homossexualidade?
Paulinha Lins como era conhecida nas baladas o ClĂŠcio Gomes.
Paulinha Lins como era conhecida nas baladas o ClĂŠcio Gomes.
CG –  A partir do momento que comecei a me entender como pessoa, ainda por volta dos meus 12 anos, jĂĄ sentia o desejo por pessoas do mesmo sexo (homem), Ă s vezes a gente nĂŁo entende porque um homem tem o desejo por outro, mulher ter desejo por outra mulher, eu tinha e confesso que atĂŠ lutava contra esse desejo, mas nĂŁo conseguia, pois o desejo da carne ĂŠ muito forte, quando a gente nĂŁo tem uma vida focada para o lado espiritual, a gente acaba cedendo, e como eu nĂŁo tinha o conhecimento da palavra de Deus naquele tempo, ai foi acontecendo, nĂŁo foi uma coisa boa, mas a partir do momento que comecei a demonstrar meu lado feminino, atĂŠ dentro de minha casa era descriminado, o sofrimento jĂĄ começa a partir da infância, da adolescĂŞncia, sĂł gostava de brincar de boneca com as meninas, nĂŁo queria ir trabalhar no motor de sisal, mesmo assim ia forçado, mas meu desejo era ficar limpado a casa, fazendo comida, e sempre queria estĂĄ na companhia de mulher, entĂŁo quando o adolescente estĂĄ muito frequente ao lado de mulheres jĂĄ puxa pra isso. Meu pai dizia que eu nĂŁo era filho dele, porque nĂŁo tinha filho viado, sabe as pessoas daquele tempo nĂŠ, Deus jĂĄ o levou. Eu tinha aquele jeito, aquele desejo, mas nĂŁo queria aquilo pra mim (homossexualismo) mas quando vem o preconceito da famĂ­lia empurra a gente mais ainda pra essas coisas, porque as palavras de maldição lançadas de um pai ou de uma mĂŁe contra um filho, para quem nĂŁo entende o mundo espiritual ĂŠ normal, mas pra quem entende ĂŠ uma força muito grande para jogar as pessoas na lama. Como as palavras de benção que Deus abençoa surte efeito a de maldição tambĂŠm, o diabo jĂĄ pega e foca naquilo ali.
CN – Vivendo na zona rural convivendo com essa situação narrada, onde parte de sua famĂ­lia nĂŁo aceitar sua tendĂŞncia, vocĂŞ deixou a casa dos seus pais ainda cedo, teve oportunidade de estudar?
ClÊcio quer uma companheira que não leve em consideração seu passado.
ClÊcio quer uma companheira que não leve em consideração seu passado.
CG – Eu bem que queria estudar, mas nĂŁo tive a oportunidade e parei na terceira sĂŠrie, pois tinha que trabalhar para ajudar no sustento da famĂ­lia, ĂŠramos onze irmĂŁos, mas rejeitava tambĂŠm o trabalho pesado, sofredor, eu queria mesmo era estudar (pausa para limpar lĂĄgrimas) eu tinha uma irmĂŁ que morava no centro da cidade de CoitĂŠ, eu ia para lĂĄ, nĂŁo queria mais voltar pra roça, pois pensava em ter uma vida melhor da que os meus pais tiveram, atĂŠ para poder ajudar eles mesmos, ai fiquei ajudando minha irmĂŁ, nascia sobrinhos filhos dela e eu ficava ajudando  no perĂ­odo de resguardo. Depois de tudo que eu fazia por ela, o marido me botava pra fora de casa, jogava minha roupa no meio da rua, me humilhava, tudo isso na idade entre 12 e 13 anos. Voltava pra roça, sĂł que nĂŁo me acostumava mais, pegava minha roupa e saia escondido e ia para beira de estrada para pegar carro para voltar pra cidade, passei a trabalhar em casas de famĂ­lia somente em troca de prato de comida, pra ter uma dormida (mais choro). Mesmo assim sem as coisas darem certo como eu queria permanecer na cidade atĂŠ que tive a oportunidade dada pelo casal Ana e Usiel, que me apoiou e fiquei seis anos com essa famĂ­lia prestando serviço de casa e de lanchonete. Sou muito grato a eles.
CN – Seis anos depois vocĂŞ jĂĄ mais acostumado na cidade, mais envolvido com novas amizades e naturalmente nas baladas. Como era ser homo naquele tempo?
paulinha lins- 2
Muito sofrimento. Preconceito muito grande, apanhei muito na rua, fizeram muita perversidade comigo, atos sexuais forçado, naquele tempo era muito difĂ­cil, hoje a gente encontra pessoas do mesmo sexo se beijando na praça, naquele tempo andĂĄvamos escondidos pelos becos para nĂŁo apanhar, a gente tinha que evitar exposição. Posso dizer que eu servir para abrir as portas do preconceito em CoitĂŠ, era grande tabu naquele tempo. Na mesma ĂŠpoca conheci um travesti que inclusive ĂŠ meu parente, tambĂŠm aqui de CoitĂŠ, eu o vi, achei bonito, e passei a querer ficar igual, isso aos 14 anos, ai queria me aproximar dele, pois era parente mas eu nĂŁo tinha aproximação, queria me aprofundar no assunto, querendo saber que tipo de hormĂ´nio tomar para crescer os seios, comecei a tomar e meu corpo começou a se transformar, e na ĂŠpoca eu estava morando na casa de Ana que começou a nĂŁo gostar, porque realmente para a famĂ­lia ver uma coisa ĂŠ difĂ­cil, eu entendi, ela foi muito legal comigo, sou muito grato por tudo que fizeram por mim.  
CN – Quando vocĂŞ procurou outros horizontes, jĂĄ que ao tomar hormĂ´nios pensava em expandir e atĂŠ usar o corpo como forma de ganhar dinheiro?
Tudo isso que ClÊcio viveu reconhece que foi passageiro e nada de boas recordaçþes trås consigo.
Tudo isso que ClÊcio viveu reconhece que foi passageiro e nada de boas recordaçþes trås consigo.
CG – Recebi um convite daquele travesti (parente) para passar o rĂŠveillon de 1999 na casa dele em Salvador, eu estava de fĂŠrias do meu emprego (ainda com Ana) ao chegar lĂĄ encontrei uma travesti na casa de Lena, ai me vestir de mulher, meu cabelo jĂĄ era grande e fui com ela para a Pituba em  Salvador, ai fiquei surpreso, porque o dinheiro que eu ganhava em um mĂŞs eu ganhei em uma noite, ai eu disse agora eu nĂŁo vou mais nĂŁo, abandonei o emprego e imaginei em ganhar muito dinheiro e fazer a minha vida. Passei a investir mais em meu corpo, jĂĄ que tudo na vida ĂŠ assim, quando mais vocĂŞ investe, vocĂŞ ganha nĂŠ?
CN – Em off vocĂŞ dizia que era um desejo seu seguir a vida de travesti e sonhava em ganhar muito dinheiro, mas o foco nĂŁo era vocĂŞ?
CG – Sim. Tinha vontade de estar naquela vida, alcancei o meu objetivo, comecei me estabilizar, aluguei casa, fui morar em bairro perigoso, fui assaltado, estuprado, tudo sofrimento, mas achava bom e nĂŁo pensava em voltar para casa porque achava que dias melhores ainda viria, continuei fazendo minhas economias e primeiro comprei uma casa pra minha mĂŁe, aliĂĄs ela tinha uma pequena parte e eu coloquei a parte maior e conseguimos comprar a casa pra ela aqui (CoitĂŠ). Sempre foi meu foco a famĂ­lia, porque tem muita gente que quando cai nessa vida abandona tudo.
CN – A vida começou a melhorar pra vocĂŞ. Com um poder aquisitivo melhor vocĂŞ tambĂŠm mudou de bairro e percebeu boa evolução?
Clecio confessa que nĂŁo vĂŞ a hora de encontra logo a sua alma gemea
Clecio confessa que nĂŁo vĂŞ a hora de encontra logo a sua alma gemea
Isso mesmo. Mudei para o bairro Pituaçu, conheci um rapaz que mesmo tendo os relacionamentos atĂŠ entĂŁo nunca tinha morado com ninguĂŠm, estando com ele recebi uma proposta para ir pra ItĂĄlia, isso jĂĄ em 2003. O convite recebi na segunda-feira, para viajar na quinta e uma travesti era quem intermediava a viagem e cobrava doze mil euros, (aproximadamente 50 mil reais hoje) ai como eu tinha aquele desejo de ir, ter uma casa, ter um carro, melhorar de vida, colocar peito… Ai fui, passei seis meses na ItĂĄlia ganhando dinheiro, mas sofrendo muito, fui preso trĂŞs vezes, no frio, porque a prostituição lĂĄ ĂŠ ilegal. Mas jĂĄ estava lĂĄ tive que encarar a aventura de prisĂŁo, humilhação, mesmo assim no meu retorno consegui comprar uma casa pra mim, dei outra casa pra minha mĂŁe, paguei uma dĂ­vida de pouco mais de R$ 40 mil, eu ganhei muito dinheiro. Retornei para a ItĂĄlia porque queria comprar um carro, o sofrimento foi maior que a primeira vez. A prisĂŁo na primeira vez foi de trĂŞs dias e na segunda mais de um mĂŞs, mas conseguir trazer o dinheiro do carro e botar os seios. Fui pela terceira vez, e digo que sofrimento cada vez pior pela minha reincidĂŞncia perante a justiça. Porque ĂŠ assim, vocĂŞ recebe um visto de turista, com prazo determinado, mas se vocĂŞ se prostitui o visto se torna invĂĄlido, Para Europa fui duas vezes para Barcelona na Espanha, o sofrimento nĂŁo ĂŠ diferente, e por incrĂ­vel que pareça a perseguição maior ĂŠ dos travestis, inclusive apoiei muitos e foram infiĂŠis a mim depois.
CN – Quem vive nesse mundo naturalmente nunca estĂĄ livre da droga, vocĂŞ fez uso?
fez uso de droga, mas garante que nĂŁo entrou no vicio e o uso fazia parte do trabalho.
fez uso de droga, mas garante que nĂŁo entrou no vicio e o uso fazia parte do trabalho.
CG – Eu cheguei a usar apenas cocaĂ­na, mas nĂŁo considero ter abusado nem me viciado. Mas bebia em festas, fazia uso de droga atĂŠ para cumprir o ofĂ­cio do trabalho com o cliente.
CN – E a violĂŞncia, vocĂŞ mais que ninguĂŠm sabe e ĂŠ vĂ­tima da homofobia, ĂŠ tĂŁo grande como a mĂ­dia fala. Porque essa violĂŞncia?
CG –  Passei por muitas situaçþes e vi muitas travestis morrerem, tive revĂłlver na minha cabeça, faca apontada no meu pescoço, foram muitas as vezes que passei pelo vale da morte e tambĂŠm presenciei. Mas eu sempre tive Deus comigo mesmo eu estando no erro. A maioria dos travestis se marginaliza e na prostituição faz uso exagerado de droga, ambiciosas querem assaltar os clientes, combina o valor depois diz que ĂŠ outro, começam procurar problema, porque sabem que o homem em geral ĂŠ casado e nĂŁo quer escândalo, quem procura o travesti, na grande maioria sĂŁo homens que tĂŞm famĂ­lia, entĂŁo acaba acontecendo a chantagem, ele nĂŁo vai aceitar ser escandalizado, se foi combinado duzentos reais e ela diz que ĂŠ mil reais, ai ou ele paga o mil para ela nĂŁo escandalizar ou pode acontecer algo nĂŠ? Muitas jĂĄ morreram por isso. Inclusive eu tinha uma pĂĄgina em um site voltado para o pornĂ´ em Salvador, um dos mais procurados da cidade, tinha o nome artĂ­stico de Paulinha Lins uma das mais requisitadas no site, e eu via a  violĂŞncia na rua.
CN – ClĂŠcio como surgiu essa ideia de jogar tudo pra o alto depois de ter vivido mais da metade de sua vida na homossexualidade?
"Pela força de vontade apenas essa transformação não seria possível", garante.
“Pela força de vontade apenas essa transformação nĂŁo seria possĂ­vel”, garante.
CG – Força em Jesus. Fui me transformando a cada dia, naquele tempo eu nĂŁo tinha a consciĂŞncia que um dia eu ia estar como estou hoje nĂŠ, as pessoas quando estĂŁo numa boa esquecem de Deus, e quando vem se voltar pra Deus ĂŠ na dificuldade, enfermidade, perda dos bens, mas temos que saber que devemos buscar Deus a todo tempo. Eu tinha convicção de uma coisa: Deus fez o homem e a mulher, eu tinha o desejo, tinha as prĂĄticas, e as pessoas me perguntavam se eu pensava em fazer a cirurgia de mudança de sexo, eu dizia nĂŁo. A gente jĂĄ aflige tanta coisa de Deus, mesmo convicto que eu tinha o papel de mulher na minha relação, mas nunca pensei em mudar de sexo, atĂŠ porque seria muita agressĂŁo a obra de Deus, sabia do pecado que jĂĄ vinha cometendo, imagina tirando meu membro.
CN –  Devido a esse seu comportamento de mesmo estando em plena perdição como prevĂŞ os religiosos, vocĂŞ encontrava tempo para refletir e passar mensagens de otimismo as pessoas de seu convĂ­vio?
MissĂŁo agora ĂŠ se manter firme na fĂŠ, encontrar uma companheira e ter dois filhos.
MissĂŁo agora ĂŠ se manter firme na fĂŠ, encontrar uma companheira e ter dois filhos.
CG – Os travestis me chamavam de pastora, porque eu falava muito de Deus para eles. Eu aconselhava e ajudava muito as pessoas usado por Deus. Falava em filho, eu amo criança, e dizia que tinha vontade de ter um filho, as pessoas diziam, mas como vocĂŞ vai ter um filho, elas nĂŁo entendiam que nĂŁo era como mĂŁe jĂĄ que era impossĂ­vel e sim pelo lado de homem que sou, falavam adote, eu dizia: nĂŁo sĂł se for do meu sangue em uma relação com uma mulher. E um detalhe, na minha fase de travesti cheguei a me relacionar com mulher tambĂŠm. Eu era diferente, homossexual costuma dizer que tem nojo de mulher e eu nunca sentir esse problema, nĂŁo via uma mulher bonitona minha concorrente.
CN – EntĂŁo, como vocĂŞ chegou Ă  conclusĂŁo que nĂŁo mais valia a pena prosseguir na vida homossexual?
CG – Fui cansando de tudo. Tudo que vocĂŞ possa imaginar eu vivi de curtição, ai começou a cair a ficha e passei a compreender que tudo aquilo estava me fazendo mal e eu queria uma vida de verdade. Perdi meu irmĂŁo para o câncer e eu que sempre fui prĂłximo a minha famĂ­lia, procurei me aproximar ainda mais. Por outro lado nĂŁo estava agradando a Deus, se ele fez o homem sua imagem e semelhança e eu estava agindo contrĂĄrio e ele nĂŁo estava satisfeito.
CN – VocĂŞ entĂŁo entendeu que para deixar a vida mundana a opção seria procurar uma igreja evangĂŠlica?
essa ĂŠ a postura de Clecio hoje em dia.
essa ĂŠ a postura de Clecio hoje em dia.
CG –  Minha irmĂŁ me falou de um programa de televisĂŁo apresentado por um apĂłstolo a cerca de 3 anos, fiquei curioso atĂŠ que assistir e passei a acompanhar, Valdomiro Santiago pela Igreja Mundial ai pela televisĂŁo eu repetia todos os gestos e orava, comecei pedi a Deus para mudar minha vida, e passei a seguir e o mais curioso ĂŠ que tudo passou a dar errado em minha vida, eu atĂŠ entendi, se eu pedia a Deus para mudar a minha vida entĂŁo ele passou a mudar me tirando da prostituição, como minha vida boa era aquela, passei ter dificuldades, mas ainda assim ficava em cima do muro, buscava a Deus, mas continuava a sair para baladas, tive um grave acidente na Paralela, e sei que quem me salvou foi o Senhor, pois mesmo no erro eu clamava sempre por ele, Deus me mostrava as coisas e acontecia. Depois que passei a buscar o caminho certo desviei muito, mas quando chegava em casa batia a sensação de arrependimento e passava a chorar e tive vontade me suicidar.
CN – Nessa fase de mudança em sua vida qual foi seu pior momento?
Maior parte do tempo ClÊcio passa na igreja em oração.
Maior parte do tempo ClÊcio passa na igreja em oração.
O dia que meu pai faleceu, eu tive que sair chorando para um motel atender um casal, pois eu nĂŁo tinha dinheiro para vim pra aqui (CoitĂŠ) bebi e usei droga, enquanto acontecia o velĂłrio do meu pai. Naquela altura jĂĄ fazia sem vontade, mas pela precisĂŁo, rompi relacionamento, ai minha irmĂŁ mais uma vez me deu uma luz, me dizendo que tinha uma igreja em CoitĂŠ e tem uma pastora que ĂŠ uma benção, ai eu disse, entĂŁo eu quero conhecer, mas tinha uma tentação, pois quando planeja vim era uma briga lĂĄ (com companheiro) ele me xingava dizendo que Deus nĂŁo estava me ouvindo porque eu era travesti. Ai quando foi na sexta-feira da paixĂŁo, que acabou de fazer um ano, em Salvador decidir que iria para CoitĂŠ e ele (companheiro) acabou me acompanhando, mas tivemos mais uma briga, no dia seguinte, jĂĄ em CoitĂŠ no sĂĄbado de Aleluia, a vontade era conhecer a igreja TabernĂĄculo de Deus, da pastora Conceição, foi mais uma briga. Visitei a igreja, fiquei sentado em uma cadeira no fundo, ai a pastora disse “ essa loira que estĂĄ ai, pode vim aqui na frente?  Fui e me perguntou se estava tudo bem comigo, eu disse que sim, e ela disse que nĂŁo, nada estava bem pra mim e passou a contar tudo sobre minha vida, depois orou por mim e pediu para me dar um abraço, e a partir daquele abraço senti que Deus agiu ali. Gostei e ainda assim desviava, pois precisava sobreviver, nĂŁo tinha uma profissĂŁo pra me manter, entĂŁo tinha que me prostituir, eu tinha plano de me converter, mas me perguntava, Clecio tu vai viver de que?
CN – E seu companheiro, nĂŁo aceitava sua decisĂŁo, como foi a sua vinda para CoitĂŠ, ele te acompanhou?
Liberto, Clecio diz que vai lutar para tirar outras pessoas desse caminho.
Liberto, Clecio diz que vai lutar para tirar outras pessoas desse caminho.
CG – Sim, ele veio, mas jĂĄ estĂĄvamos de relação acabada, convivemos 14 anos, passei entĂŁo a tentar salvar a alma dele tambĂŠm e hoje estĂĄ na igreja como um irmĂŁo em Cristo e mais nada, nem minha casa frequenta e sonha tambĂŠm encontrar uma pessoa.
CN – EntĂŁo vocĂŞ ficou em definitivo em CoitĂŠ, aceitou a Jesus e estĂĄ firme a um ano e nĂŁo mais se prostituiu?
CG – Para nĂŁo mentir antes de aceitar me prostituir duas vezes, pois tinha como profissĂŁo, pois na minha mente o pensamento, de nĂŁo aceitar porque tinha deptos a pagar e sabia que sĂł quitaria recebendo dinheiro da prostituição, mas confesso que Deus me queria ao lado dele, pois perdi vontade de conviver com uma pessoa do mesmo sexo depois de 14 anos, e sĂł queria estar na igreja, ai parei completamente de me prostituir e minhas dividias ficaram se acumulando e eu aceitei Jesus e entreguei tudo nas mĂŁos dele.
CN – tudo isso que vocĂŞ narra em relação a igreja vocĂŞ mantinha o aspecto de travesti atĂŠ antes de aceitar Jesus?
CG – Sim, visitava a igreja com peito, cabelos compridos, salto alto, mas o curioso que os pĂŠs começaram a doer, nĂŁo doĂ­a nas baladas, mas na igreja nĂŁo conseguia ficar calçado, era o espĂ­rito santo incomodando. CaĂ­a toda vez que recebia oração, e ali eu sabia que era Deus expulsando as coisas ruins que eu carregava nas costas.
CN – Agora que vocĂŞ estĂĄ praticamente liberto da homossexualidade, como vocĂŞ encara a classe?
CG – Amo a todos, quero ser amigo de todos, poder abraçar e passar a obra da parte de Deus e que ele venha a fazer o que fez em minha vida, para que sejam felizes de verdade, pois a felicidade verdadeira estou vivendo agora e desejo que todos que seguem o caminho que eu segui, possa abandonar e aceitar Jesus para ele fazer a transformação.
CN – Como as pessoas encaram vocĂŞ fora de igreja?
CG – Com desconfiança, muita gente dizia que eu estava deprimido, que nĂŁo iria conseguir me manter homem, todo tipo de desconfiança, e ainda permanece viu, atĂŠ pessoas da minha famĂ­lia estĂŁo descrentes em minha mudança de vida, mas sĂł o tempo irĂĄ mostrar que a decisĂŁo nĂŁo foi sĂł minha, Deus que ĂŠ poderoso ĂŠ quem estĂĄ me dando essa força, sei que sou frĂĄgil, mas estou encontrado força no senhor e ele sabe que meu desejo ĂŠ mudar e fazer valer o que ele fez sua Imagem e semelhança. Estou com muita vontade de encontrar uma pessoa para me casar, mas deixo isso tambĂŠm pela vontade de Deus, pois peço que me dĂŞ uma pessoa certa, que entenda meu passado, que seja do evangelho para nĂŁo prejudicar minha vida espiritual, que possa me dar dois filhos.
CN – E hoje, cabelos cortados, peitos retirados, sapato masculino, roupa social ĂŠ sua nova rotina?
CG – Sim, preparado para encontrar uma companheira e me casar ainda este ano e quero o Calila registrando tudo e mostrando minha verdadeira felicidade, pois sou feliz hoje. Tudo que vivi foi uma felicidade superficial e aqueles que estĂŁo esperando que eu tenha uma recaĂ­da que espere, mas vĂŁo ver minha vitĂłria, pois que me tirou daquela vida nĂŁo foi nenhum homem nem mulher, foi Deus, entĂŁo o que ele faz, ninguĂŠm desfaz, porque o que ele fez ĂŠ pra glorificar o seu nome. E aqui quero agradecer a pastora Conceição e o pastor Everton e o pessoal da igreja pela carinho que tĂŞm por mim, o cuidado, a ajuda em oração, as primeiras roupas de homem, as primeiras cuecas que usei foram os crentes que me deram, que eu nĂŁo tinha condiçþes, isso uma semana depois que tirei tudo em mim que lembrava mulher.
CN – Vamos agora falar da função de homem, responsabilidade que vocĂŞ nunca teve. VocĂŞ sabe que na pratica o homem precisa manter a mulher, vocĂŞ nĂŁo estudou e sĂł ganhou dinheiro na prostituição. E agora, o que vocĂŞ vai fazer em termo de trabalho?
CG – O crente costuma dizer que vive pela fĂŠ, entĂŁo hoje eu vivo pela fĂŠ, sei que o prover ĂŠ de Deus, o dono de todas as coisas, do ouro, da prata, e ele vai mostrar algo pra mim, pois sei que ele nĂŁo me tirou dali para deixar padecer, ele tem o melhor para gente, entĂŁo eu creio que nisso tudo ele jĂĄ estĂĄ trabalhando, atĂŠ restaurante eu trabalho, tenho noção de cozinha, irei com todo prazer e dedicação, ciente que vou em busca do pĂŁo, para levar para alimentar minha esposa e meus dois filhos, Deus vai honrar e nĂŁo vai querer me envergonhar, entĂŁo o que vier pra mim vou encarar que foi algo escolhido por Ele.
CN – DST/Aids. VocĂŞ esteve numa função bastante vulnerĂĄvel em relação a doenças sexualmente transmissĂ­veis, vocĂŞ assegura que nĂŁo contraiu nenhuma delas?
Graças a Deus sim, estou bem. Precisei fazer exames antes da retirada dos seios, e foi exigido uma bateria de exames, solicitado por um mÊdico coiteense, inclusive de AIDS e não foi encontrado nada.(Finalizou)
Clecio foi entrevistado por  Raimundo Mascarenhas que tambĂŠm o fotografou. Algumas fotos sĂŁo do seu prĂłprio arquivo.

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