A Presidência da República, por meio de nota à imprensa, afirmou que Dilma Rousseff se baseou em um parecer "falho" quando votou favoravelmente à compra de 50% de uma refinaria no Texas (EUA) pela Petrobras. O jornal "O Estado de S.Paulo", em reportagem publicada nesta quarta-feira (19), afirma que teve acesso a documentos que mostram que Dilma havia votado pela aprovação do negócio, em 2006, quando ela comandava o Conselho de Administração da estatal.
A compra da refinaria de Pasadena ĂŠ alvo de investigaçþes da PolĂcia Federal, por suspeita de superfaturamento. A PF tambĂŠm investiga denĂşncia de que funcionĂĄrios da estatal receberam propina para favorecer a empresa holandesa SBM Offshore, que aluga plataformas flutuantes a companhias petrolĂferas.
Ainda segundo a reportagem, a Petrobras comprou 50% da refinaria por US$ 360 milhĂľes. Posteriormente, a estatal foi obrigada a comprar 100% da unidade, antes compartilhada com uma empresa belga, a Astro Oil. Ao final, o negĂłcio custou Ă Petrobras US$ 1,18 bilhĂŁo.
A obrigação de comprar 100% da refinaria fazia parte de uma clåusula do contrato chamada Put Option. Segundo a nota da Presidência da República, essa clåusula foi omitida no documento apresentado pela årea internacional da Petrobras e que serviu de base para o Conselho de Administração da estatal aprovar a compra. A Put Option manda uma das partes da sociedade comprar a outra em caso de desacordo entre os sócios. Em 2008 houve desentendimento entre a Petrobras e a Astro Oil, o que obrigou a estatal brasileira a comprar a parte da sócia na refinaria.
Na nota, a Presidência da República diz que o documento apresentado pela årea internacional, chamado de resumo executivo, omitia ainda uma segunda clåusula, conhecida como Marlim, que garantia à sócia da Petrobras um lucro de 6,9% ao ano mesmo que as condiçþes de mercadofossem adversas. O governo diz que a compra não teria sido aprovada pelo conselho da Petrobras se as duas clåusulas tivessem constado do resumo executivo.
"Soube-se que tal resumo era tĂŠcnica e juridicamente falho, pois omitia qualquer referĂŞncia Ă s clĂĄusulas Marlim e de Put Option que integravam o contrato, que, se conhecidas, seguramente nĂŁo seriam aprovadas pelo Conselho", diz o texto divulgado pela PresidĂŞncia da RepĂşblica.
A reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo" afirma que houve desentendimento entre a Petrobras e a sĂłcia belga, a Astra Oil, em 2008.
TambÊm em 2008, segundo a nota da Presidência, a diretoria executiva da Petrobras levou ao conhecimento do Conselho de Administração a proposta de compra das açþes da sócia, decorrente da aplicação da clåusula de Put Option.
"Nessa oportunidade, o Conselho tomou conhecimento da existência das referidas clåusulas e, portanto, que a autorização para a compra dos primeiros 50% havia sido feita com base em informaçþes incompletas", informa a nota.
A Presidência da República afirma que, ao tomar conhecimento das clåusulas, o Conselho de Administração da Petrobras pediu mais detalhes sobre o contrato à diretoria executiva. De posse das informaçþes, o Conselho decidiu não aprovar a compra das açþes e entrar com processo arbitral contra o grupo Astra.
No entanto, a Petrobras perdeu o litĂgio na Câmara Internacional de Arbitragem de Nova York e em Cortes Superiores do Texas. A compra das açþes da Astra Oil foi ratificada em 2012.
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